sexta-feira, 10 de março de 2017

Como a queda dos cabelos interfere na autoestima de pacientes com câncer

Nesta semana em que as mulheres estão em foco no mundo todo, devido ao dia 8 de março, celebrado na última quarta-feira, vou falar do tema que motivou o meu trabalho de conclusão da pós-graduação em Tricologia e que tem tudo a ver com este blog: a queda dos cabelos por conta do tratamento contra o câncer.

Para vocês terem uma ideia, mais de mil mulheres que buscam atendimento na nossa loja, ao longo do ano, relatam o quanto a queda dos seus fios interfere diretamente não só na autoestima, como também em sua qualidade de vida, e em todos os seus relacionamentos, sejam eles profissionais, com amigos e principalmente com o parceiro.

Esse assunto é tão sério que resolvi pesquisar a importância e o que significa os cabelos para a mulher, e porque esse símbolo tão forte, quando ausente, pode provocar abalos significativos em todos os aspectos femininos e não só na aparência como todos acreditam. Compartilhei as descobertas do meu estudo (feito com muito suor e dedicação, diga-se de passagem), na faculdade Oswaldo Cruz, em São Paulo.


A primeira resposta que dou para o fato da mulher se sentir tão fragilizada com a perda dos fios é a desconstrução de sua imagem, afetada pelos efeitos colaterais da doença. A autoimagem começa a ser formada ainda na nossa infância e está profundamente ligada, não só aos aspectos físicos, mas em conjunto com o nosso lado emocional e mental. 

No caso das mulheres, então que desde tempos remotos da história da humanidade já eram cobradas por sua aparência física e já sofriam críticas quando não estavam dentro dos padrões, esse apego a aparência ainda é mais forte. E isso é algo tão expressivo, que alguns autores afirmam que a imagem da mulher na cultura se confunde com a da beleza, ou seja, ela deve ser bonita, do contrário não será mulher. É uma condição que chega a ser opressora. Por isso a perda do cabelo dói. Mexe com a feminilidade

Infelizmente existe entre nós a ideia equivocada de que beleza exterior combina com saúde, enquanto aparência desagradável é sinônimo de doença. Imagina para uma paciente oncológica, o quão difícil deve ser lidar com isso, tendo em vista que o efeito colateral do tratamento quase sempre é impossível de ser escondido: Os cabelos caem involuntariamente, a pessoa emagrece, os sinais físicos são nítidos. 

A perda dos fios mostra claramente para a sociedade o diferente, a confirmação do adoecimento, o que aguça a curiosidade e a compaixão. A mudança na aparência da mulher faz com que ela crie uma grande barreira em aceitar sua nova imagem, afinal é cultural que o gênero feminino exiba sempre cabelos longos e bonitos. 

Ao terminar minha pesquisa bibliográfica, consegui comprovar que o uso de algum recurso para cobrir a região sem os cabelos se faz fundamental para o enfrentamento da doença, uma vez que estar bem frente ao espelho é quase que uma garantia de sucesso para o tratamento. E isso já percebíamos desde os tempos que minha avó, a dona Wilma, atuava no mercado. Basta a mulher encontrar uma peruca ou prótese capilar igual aos seus cabelos para que a fisionomia do seu rosto mude completamente e ela se sinta mais confiante e feliz, estando próxima de quem realmente ela é, dado que as possibilidades de soluções capilares existentes no mercado modificam o mínimo possível o estilo de vida e a aparência de quem precisa usar.

Fica a dica: mesmo com todos os problemas da vida, o mais importante é a maneira como se encara a doença e os recursos que você usa para enfrentá-la. E lembre-se: A dor não é opcional, mas o sofrimento sim.

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